Você deve ter notado que o preço da gasolina e do gás baixou e o governo está anunciando este feito graças ao fim do PPI.
Quer saber o que significa isso e o que pode acontecer daqui pra frente?
O presidente Lula recentemente publicou um vídeo em que comemora a redução da gasolina e do gás. Nas palavras dele, os preços foram “abrasileirados”.
Ele falou isso pois, desde 2016, no governo de Michel Temer, o preço da gasolina, do diesel, do querosene para aviação e do gás seguia o preço de paridade de importação (PPI).
Na prática, acompanhar os preços da paridade de importação significava dizer que seguiríamos os preços do mercado internacional, como se não tivéssemos produção nacional.
Ou seja, a Petrobras passaria a considerar o preço internacional do barril do petróleo em reais, o câmbio e todos os custos de transportes dos importadores para distribuir no mercado interno. Além disso, teria mais uma margem aplicada pela companhia.
Lá em 2016, o governo adotou esse novo formato para que a Petrobras pudesse sobreviver financeiramente devido aos erros de gestão de governos anteriores. Foi inclusive um dos pilares do plano de reestruturação financeiro que reergueu a Petrobras até ela se tornar uma das maiores distribuidoras de dividendos do mundo.
Foi então que em 2018 estourou a primeira grande greve dos caminhoneiros, pois os preços estavam subindo bastante. Na época, havia dois lados políticos opinando sobre o assunto.
Um dos lados defendia o fim do PPI, alegando que a Petrobras, dentro de uma lógica estatal, poderia suprir 100% do mercado nacional.
Do outro lado, havia aqueles que defendiam a manutenção, alegando que caso fosse deixada de praticar, passaria a ser mais vantajoso para a empresa deixar de destinar o óleo bruto para suas refinarias e vender todo o seu petróleo bruto para o exterior.
O atual governo prometeu em sua campanha acabar com o PPI e assim o fez. Os preços da gasolina e do gás de cozinha caíram.
Seria então o PPI o grande vilão da história?
Na minha opinião, não.
Nos últimos meses, o preço do petróleo já estava baixando. Se você pesquisar no Google por relatórios do PPI da ABICON (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis) vai ter acessos a relatórios diários que mostram a queda da commodity. O preço do barril do petróleo está sendo negociado em torno de USD 80,00.
O câmbio real x dólar vem sendo negociado abaixo dos R$ 5,00 faz algum tempo.
Resumindo, o momento é favorável para que os preços caíssem.
Alguém poderia refutar ainda dizendo que, após o anúncio do fim do PPI, as ações da Petrobrás tiveram alta na bolsa de valores.
Sim, tiveram. Mas o cenário precisa ser analisado de outra forma. Desde que o atual governo venceu as eleições, as ações da Petrobras se desvalorizam muito. Isso porque o mercado já previa uma maior intervenção do Estado na empresa.
Com o recém lançado plano do arcabouço fiscal (que não foi lá nenhuma maravilha, mas foi algo), com o momento favorável do mercado e como faltaram algumas informações sobre o fim do PPI, o anúncio gerou alta nas ações pois era esperado algo muito pior.
O problema está justamente nisso: na falta de informações sobre como será a nova política de preços, nem a periodicidade dos repasses aos consumidores.
Em entrevista à rede CNN, o atual presidente da Petrobras informou que, caso haja uma alta dos preços no mundo, a Petrobras vai absorver esse aumento. Esse tipo de atitude foi o que fez, no passado, com que a empresa brasileira tivesse uma das maiores dívidas corporativas do mundo.
A conjuntura atual é favorável, o momento é positivo. Mas, e se muda algo no cenário internacional? E se a guerra Rússia x Ucrânia escala novamente? E se a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidir mudar e reduzir a produção de petróleo mundial, fazendo com que os preços do petróleo disparem?
Todas essas perguntas são possíveis de acontecer. Mas como o atual governo irá “abrasileirar” todos esses impactos, como inflação, escassez de insumos e pobreza?
Uma commodity global como o petróleo precisa ser acompanhada. Não acredito que o Brasil consiga decidir, por conta própria, o preço de algo que o mundo inteiro precisa. Todos os países estão sujeitos às mesmas leis de oferta e demanda. E no final, você sabe quem vai pagar a conta: nós, os consumidores.
O que você acha sobre esse assunto? Ficaria feliz em ler seus comentários.