Quando criança, sábado era meu dia favorito. Não apenas porque não tinha aula e poderia acordar mais tarde, mas sim porque era o dia de ir passear no centro da cidade.
Para mim, isso sempre rendia em algum gibi, alguma revista para colorir ou, com muita sorte, um café da manhã na Panificadora Germânica e um cartucho de Super Nintendo no camelódromo.
Na época, o camelódromo da cidade era onde se encontravam coisas que não havia em outros lugares, a um preço acessível.
Por exemplo, a maioria dos eletrônicos importados era revendida no camelódromo: tamagotchis, mp3 players, video games, agenda eletrônica, etc.
Eu sei que, tirando video games, essas tecnologias ficaram ultrapassadas e já entreguei minha idade. Mas foi ali, naquele ambiente “controlado” de revenda de mercadorias que entravam pelo Paraguai, que tive acesso a produtos de outros lugares do mundo.
Para traduzir para os mais novos, o camelódromo da minha época é o que hoje você chama de carrinho da “substitua por qualquer app de loja chinesa”.
Produtos que não são encontrados no Brasil tão facilmente, são encontrados ali. Produtos que são encontrados no Brasil, são também facilmente encontrados BEM MAIS barato ali.
Até o governo, míope nesse quesito, viu a importância do negócio e pensou: porque não tributar?
A tributação, na teoria, já existe. Mas a maioria não conhece.
Nos últimos anos e, com a pandemia - que ocasionou em um grande boom de vendas online - muitos comerciantes viram no mercado chinês a chance de ganhar um dinheiro extra ou até de montar um negócio.
E no fundo, deveria ser esse o centro da questão.
Ao invés de “vamos tributar as pequenas remessas” deveriam pensar em “como um chinês consegue fazer o mesmo produto custando bem menos?”.
E eu sei que você, lendo a frase acima, já poderia citar alguns pontos que oneram as empresas e pessoas.
A economia brasileira é, fortemente, pautada pelo consumo das classes B e C. Quando os indicadores econômicos estão bons, tenha certeza de que as pessoas dessas classes estarão com condições melhores também.
Mas, ao invés de ajudar, o Brasil regride, nesse quesito. Querem criar novos impostos. Ou, arranjar novas formas de tributar sem ter mão de obra suficiente para isso.
Eles não sabem como fazer, mas sabem o que querem. Arrecadar mais e mais.
Foi lamentável ver alguns episódios do presidente do Banco Central sendo questionado por políticos, querendo ensinar economia para um economista.
Políticos incapazes de criarem um controle fiscal honesto, sem deixar de governar e sem deixar de investir.
Antes que me atirem pedras, não me refiro somente a este novo governo. Falo de forma geral, pois no fundo, são (na maioria) todos iguais.
Fiquei por algum tempo sem comentar essa tributação de pequenas remessas importadas porque foi cômico ver as besteiras que o governo fazia. Um ministro da economia não conhecer a Shein, uma das empresas que mais tem afetado o setor varejista brasileiro, é minimamente bizarro. Na verdade, é um reflexo do quão descolados os políticos estão da necessidade do seu povo.
Voltando à importação, o Brasil precisa focar em desonerar a tributação das empresas, criar receitas inteligentes e focar no controle de gastos.
O comércio com outros países, através da importação e exportação, é uma maneira pacífica e forte de se manter o país saudável e com boas relações comerciais. Não vamos criar mais problemas num cenário que já não é favorável à maioria.
E aí, o que você acredita que precisaria ser feito para equilibrar as contas sem aumentar os impostos para pequenas remessas?