Você não vive num mundo democrático.
E a imagem desse post não é um tabuleiro do jogo War.
Pode ser que você não dê importância para pesquisas, mas o ranking do Economist Intelligence Unit (EIU) é muito influente e impacta decisões de governos e investidores.
Esse ranking dividiu os países em quatro categorias: regimes autoritários, regimes híbridos, democracias falhas e democracias plenas.
Pare agora e olhe a imagem. Depois volte aqui.
Você se espantou com a posição do Brasil? Uma democracia falha.
E com os EUA? Outra democracia falha.
De um modo geral, acredito que uma democracia completa consegue dar a capacidade de promover acessos básicos para sua população, eleger seus governantes através de votação, transparência eleitoral eficaz e direitos básicos para todos os cidadãos.
Uma democracia falha aplica esses conceitos, mas peca em vários pontos. Mesmo assim, ainda é uma democracia e estamos longe de um regime autoritário.
Ao observar com mais atenção esse gráfico, o que me mais chama atenção é que estamos vivendo um momento muito decisivo. O mundo está bem dividido. E a Rússia tem desempenhado um papel bastante ativo em seu regime autoritário na Europa e Ásia.
Recentemente o maior opositor político do presidente russo morreu na cadeia. Sem muitas explicações para o caso.
Alguém assistiu à entrevista que o jornalista americano, Tucker Carlson, fez com o presidente Vladimir Putin? Poucos viram e te garanto uma coisa: foram mais de duas horas monótonas.
O jornalista não cumpriu seu papel. Ele estava com medo de acabar, na melhor das hipóteses, na cadeia.
A imprensa quer ser livre para fazer perguntas e questionar. Porque o presidente de um dos maiores regimes autoritários iria responder perguntas que não quer? Por isso a entrevista foi maçante. Foram vários minutos de um monólogo confuso onde o presidente citava a história russa com as verdades que ele mesmo criou.
Claramente a entrevista foi um fracasso. Carlson não foi o primeiro jornalista que quis fazer uma entrevista com Putin. Foi apenas o jornalista que aceitou as condições que o governante quis.
E isso é muito perigoso para o mundo.
A essa altura do texto você já deve estar pensando também em discursos de esquerda e direita, que recentemente vimos no país.
Infelizmente, no Brasil, o elemento ideológico ganhou um status superior às discussões de política externa e geopolítica mundial.
A essência desse movimento tem uma falácia gigantesca. Política externa e geopolítica mundial são muito diferentes de discussões de esquerda e direita. Questões geopolíticas não são questões ideológicas comuns.
“A geopolítica não está preocupada com nada disso.” - Professor HOC
Eu sei que é difícil entender isso e quem dificulta são os próprios políticos. Discursos perigosos são feitos em cima de ideologias. Eu não duvido que hoje tenha americanos concordando com o presidente russo.
Voltando a imagem do post, outro ponto intrigante é a China. Um regime autoritário que é o principal parceiro de exportações e importações do Brasil.
Comércio exterior é exportar e importar. O puro suco de comércio entre países.
Observe ao seu redor agora mesmo. Você deve ter um smartphone com peças taiwanesas e chinesas com design americano. Assim como tantos outros produtos americanos, europeus e africanos.
O comércio entre países é necessário. A exportação é tão importante quanto a importação. E olha que o Brasil ainda é um país muito protecionista.
Observe um pouco mais esse gráfico. Ele é intrigante.
Você não vive num mundo democrático.